sábado, janeiro 06, 2007

António Senra (SANER)

Nasceu a 21 de Setembro de 1913 no seio de uma família humilde, na freguesia de Refojos, concelho de Cabeceiras de Basto.
Aí deu início aos seus estudos, concluindo a antiga 4ª classe com média de 18 valores.
Por opção própria abandonou os estudos, criando o seu próprio trajecto de vida, lendo incessantemente e querendo ir mais além.
Era músico (tocava clarinete na Banda Filarmónica de Cabeceiras de Basto), compunha músicas populares, pintava quadros e telas a óleo em várias casas solarengas, sendo também um poeta sentimentalista que exaltava, acima de tudo, o sagrado e a mocidade.
Em 1945 casou com Sofia Pereira de Magalhães, também natural do concelho de Cabeceiras de Basto, tendo vivido feliz na sua companhia.
Teve dois filhos do seu matrimónio: Celestino Magalhães Senra e Laura Gabriela Magalhães Senra.
Escreveu uma peça de teatro “Até aqui Basto eu” sendo levada à cena no Teatro do Mosteiro de Refojos em Cabeceiras de Basto.
Era empregado de escritório e contabilista na Caves Campo em Cabeceiras de Basto, que ficava nas imediações do Mosteiro de Refojos tendo, em 1959, sido transferido para Celorico de Basto, continuando a trabalhar para a distinta família Meireles.
Nesse ano, hospedou-se na Pensão Adelina a fim de restabelecer a sua vida nesta terra em companhia da sua família, tendo mais tarde vivido em Santa Luzia, lugar do Monte, onde permaneceu até 1985.
Em Celorico de Basto continuou a ser um ilustre poeta e pintor, tendo escrito inúmeros artigos e a famosa “Gazetilha”, publicação quinzenal para o jornal Notícias de Basto, mantendo também a sua veia musical ao integrar-se na Banda Filarmónica de Tecla.
Nessa altura, escreveu e realizou uma peça de teatro levada à cena no Salão dos Bombeiros Voluntários Celoricenses.
Em 1972, pintou um afresco no Café Central ilustrando o Castelo de Arnoia.
Ouvimos diversas pessoas que conviveram directamente com António Senra, eu próprio tive o privilégio de o ter conhecido, e este Homem, este Poeta popular, sentia-se um Celoricense de alma e coração.
Deixou em testamento à terra a obra “A MUSA SERRANA” que nunca chegou a ser publicada. Sabemos que os seus familiares tentam recuperar este trabalho, para que possa ser publicado e o seu nome não caia no esquecimento.
António Senra foi um auto-didacta que procurou incessantemente a sabedoria e que nos seus tempos livres se refugiava na leitura, amava as letras, a História…
Instruía-se cada vez mais, possuindo um dom da palavra capaz de conquistar todos aqueles que o ouviam. Era um exemplo de inteligência e de auto-construção intelectual!
Em 7 de Junho de 1985 entra de urgência no Hospital de Sto. António no Porto e com 71 anos de idade, veio a falecer no dia 27 de Junho de 1985.
Transcrevemos um depoimento da sua neta Cláudia Senra

MEU QUERIDO AVÔ:
A sua morte ceifou em mim a possibilidade de o ter adorado e de sentir a sua reconfortante presença!
Não fui digna de contemplar o seu olhar azul celeste e o seu rosto empalidecido, ambos marcados pelo tempo e pela vida!
Não tive o privilégio de ter alimentado minh’ alma com a sua admirável sabedoria!
Não tive o mérito de poder afagar as suas mãos e animá-las com o calor das minhas!
Não embriaguei minh’alma com os seus sábios conselhos, com a sua rectidão!
A ausência da sua presença física não me impede, porém, de o louvar cada vez mais! Arquétipo de humildade! Um lutador que construiu nos seus sonhos a sua sabedoria!
Nutro imenso louvor por si, meu querido avô!
Um beijo afectuoso da sua neta Cláudia

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